morri duas vezes

ceguei-me do olho esquerdo

de tão desgastada

não quis ver as chagas

que eu mesma abri

antes de ferir-me

mais algumas vezes

calei a aflição

na tentativa da conversão

desferi golpes certeiros

contra carnes moles

e pensamentos impuros

até não conseguir respirar

aprendi a viver assim

consumindo-me em perdas

queda a queda

gota a gota

clamando pelo novo

mãos estrangeiras

buscaram a re-vida

em vão

morri duas vezes.

Larissa Marques
Enviado por Larissa Marques em 11/07/2010
Código do texto: T2370599
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