Fantasmas

É sempre assim quando me livro de um fantasma –

Choro muito, sinto muito, me entristeço muito.

Depois, me aquieto e me abraço.

E contemplo, como se estivesse vendo ir embora, rio abaixo,

Rumo à cachoeira, o bote que abriga os fatos.

Os fatos, as lembranças, as emoções ruins.

Levadas para as profundezas do mar

Diretamente das profundezas de mim.

Então, retorno ao mundo dos vivos.

Seco as lágrimas,

jogo dentro do bote

Uma lembrança ou outra que ainda gira

Sobre o lago da minha alma,

Já desapegada de mim, mas ainda sem destino...

E os fatos e as emoções que criam fantasmas

Precisam de destino.

Respiro. Verifico.

Parece que todo o conteúdo foi despejado...

Respiro.

Uma sensação de preguiça, quase torpor,

Apossa-se de mim. Espreguiço-me.

Percebo uma leveza saindo do vazio que ficou.

(Ou entrando).

Mais tarde

Uma nova alegria começa a nascer.

Na paisagem de minha mente,

pedaços de geleira desprendem-se.

Sob meus pés, num pedaço da estrada,

uma relva muito verde surge concreta,

segura e consoladora. Benvinda!

Caminhei, caminhei,

Estrada afora.

Sob o Sol do meio dia

Os fantasmas morrem

E os demônios

São interrompidos.

Mas para quem caminha,

caminhar

é para o dia

e para a noite...

E nas curvas

da estrada.

Como saber

o que me espreita?

21/07/2006

Ana Silva
Enviado por Ana Silva em 11/09/2006
Código do texto: T237816