do tempo divergentemente ímpio
Esqueci o sentido da limpidez
das águas sobre as pedras
nos riachos da minha infância,
Já não sei das areias,
das conchas
nem das praias morenas da minha juventude.
Nada me resta desse tempo decomposto,
do sabor das primeiras mulheres que amei.
Das primeiras tempestades.
Estou aqui bebendo deste luar
na emotiva emoção de não estar aqui
Na estranha sensação de vazio
ao ser abraçado pelo frio desta primavera estival.
E de novo
chega esta sensação de estar só entre as pessoas.
Afrontando a morte
vinda do mais fundo das certezas
deste tempo divergentemente ímpio.
Manuel C. Amor
Foz do Arelho, Junho 2005.