Realidade irreal...

Atrás do saco de cola

há um rosto de criança

que prematuramente perdeu a esperança

e vive fugindo de lembranças, que não se apagam

Parecem feitas por vingança

Atrás do saco de cola... não existe amor

O que chamamos de carinho,

talvez nunca tenha passado nem perto

A fome se esconde entorpecida...

Acuado e com medo fica o dono que a carrega

Atrás do saco de cola

também existe um pouco de alegria

fruto alucinado do momento eloqüente

impregnado na mascarada fantasia

Mesmo assim, atrás do saco de cola

ainda podemos ver um sorriso

Achar alguém prestativo

que não quer nada em troca,

além de um abraço ou um amigo...

Estenda sua mão

Empreste um pouco de afeto

Não seja desumano

disso o mundo já está repleto

Pense, nem sempre na vida

as pessoas são como querem ser...

Atrás do saco de cola, há sempre uma vida

Um estranho... que poderia ser seu irmão

sua irmã, ou até mesmo você...

Mas se tivesse oportunidade poderia

ser alguém impotante / Quem sabe virar Presidente...

Certamente não escolheria

essa mísera vida de indigente

Atrás do saco de cola

existem várias vidas inocentes

que se tornaram inconseqüentes

Elas continuam... as vezes maldosas,

porque a vida com elas é rancorosa

Atrás do saco de cola... existe a criança

que não pediu pra nascer

Pobre humilde, de pé no chão

roupinha rasgada... com fome

e as vezes de arma na mão

Atrás do saquinho de feira, com cola

Existem lágrimas... Sofrimentos,

noites mal dormidas e ao relento

Já não há forças nem coragem

prá humilhante tarefa de pedir esmola

Eu sei que a culpa não é só minha,

nem sua, ela é nossa

E nós seguimos, alguns com escrúpulo...

Outros sem escrúpulos...

Mas todos se achando cidadãos

Vivendo mergulhados em interesses

que no final só levam a solidão...

Orlando Miranda
Enviado por Orlando Miranda em 11/06/2005
Reeditado em 05/09/2005
Código do texto: T23956