O asfalto
Sem foz
O rio de pedra ostenta
A letargia veloz
Das necessidades humanas
Que partem de onde para onde
As margens sem abrigos
Transformam a natureza
Em paisagens invisíveis
Elas são ocas e carentes
Faltam-lhe olhos sensíveis
Em seu fundo não há nada
Só sangue encardido e coagulado
Que de tão preto perde-se no rio
Assemelhando-se aos corações modernos
Quem caminha sobre ele não é Deus
É o homem perdido
No horizonte curvilíneo
De seus desejos e expiações