O asfalto

Sem foz

O rio de pedra ostenta

A letargia veloz

Das necessidades humanas

Que partem de onde para onde

As margens sem abrigos

Transformam a natureza

Em paisagens invisíveis

Elas são ocas e carentes

Faltam-lhe olhos sensíveis

Em seu fundo não há nada

Só sangue encardido e coagulado

Que de tão preto perde-se no rio

Assemelhando-se aos corações modernos

Quem caminha sobre ele não é Deus

É o homem perdido

No horizonte curvilíneo

De seus desejos e expiações

de Castro
Enviado por de Castro em 15/09/2006
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