Contradições cotidianas...
Caminha uma mulata, assim, meio sem perceber... Pensando na vida...
Cruza a esquina o andarilho de rua, perambulando com sorriso nos lábios,
E a vida nos olhos... Ele já foi feliz... E muito!
E a única semelhança entre eles, é que os dois sonham, ainda...
Como fosse um objeto livre de alma, de planos e sonhos o ignoram...
Todos. Inclusive eu. Quem há de preocupar-se com seus não-sonhos?
Me falta o batom, me falta um “escarpan” preto, me falta piedade.
Quem há de olhar minhas noites vazias, meu silencio, meus olhos?
Quem há de apiedar-se de todos que vagam, por um motivo ou outro,
Quem há de acariciar meus medos, minhas ignorâncias... meu egoísmo?
Em quem olharei e sentirei empatia? Quem terá o sorriso como ouro?
Quem não irá se importar com minhas crises de solidão entre a multidão?
A menina desce a rua quase dançando, quase sorrindo pra o nada...
Hoje foi ou será um bom dia pra ela... Ela é tão jovem... Tão simples...
E o mundo está ai, ao lado, cruel, impaciente, vasto e aterrorizante...
Observo, reflito e como minha alma estatizada, continuo parada...
24.07.10