Contradições cotidianas...

Caminha uma mulata, assim, meio sem perceber... Pensando na vida...

Cruza a esquina o andarilho de rua, perambulando com sorriso nos lábios,

E a vida nos olhos... Ele já foi feliz... E muito!

E a única semelhança entre eles, é que os dois sonham, ainda...

Como fosse um objeto livre de alma, de planos e sonhos o ignoram...

Todos. Inclusive eu. Quem há de preocupar-se com seus não-sonhos?

Me falta o batom, me falta um “escarpan” preto, me falta piedade.

Quem há de olhar minhas noites vazias, meu silencio, meus olhos?

Quem há de apiedar-se de todos que vagam, por um motivo ou outro,

Quem há de acariciar meus medos, minhas ignorâncias... meu egoísmo?

Em quem olharei e sentirei empatia? Quem terá o sorriso como ouro?

Quem não irá se importar com minhas crises de solidão entre a multidão?

A menina desce a rua quase dançando, quase sorrindo pra o nada...

Hoje foi ou será um bom dia pra ela... Ela é tão jovem... Tão simples...

E o mundo está ai, ao lado, cruel, impaciente, vasto e aterrorizante...

Observo, reflito e como minha alma estatizada, continuo parada...

24.07.10

Camila Cabral
Enviado por Camila Cabral em 07/08/2010
Código do texto: T2423245
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