À espera
O meu sono já quase anoitecia
Num silêncio de filho único
Quando as horas, retorcidas sobre si-mesmas,
Alinhavaram-se ao meu lado
Em êxtase mudo.
A barba, que a pouco foi bem feita,
Já era de azul áspero e intenso.
Tão áspero quanto um passante
Que insiste em afastar de si,
A bravos toques de pés no chão,
Um pequeno cão que insiste em segui-lo.
Pobre cão.
Pobre passante.
Pobre da barba insistente em sua dura e vã tarefa em crescer.
Como rasgar-se de uma espera
Quando ela costura-se em tecidos tão rígidos
Quanto os vereditos dos homens maus.
Melhor então aninhar-se em seus braços poucos matriarcais
E dela esperar apenas um beijo de boa noite.