À espera

O meu sono já quase anoitecia

Num silêncio de filho único

Quando as horas, retorcidas sobre si-mesmas,

Alinhavaram-se ao meu lado

Em êxtase mudo.

A barba, que a pouco foi bem feita,

Já era de azul áspero e intenso.

Tão áspero quanto um passante

Que insiste em afastar de si,

A bravos toques de pés no chão,

Um pequeno cão que insiste em segui-lo.

Pobre cão.

Pobre passante.

Pobre da barba insistente em sua dura e vã tarefa em crescer.

Como rasgar-se de uma espera

Quando ela costura-se em tecidos tão rígidos

Quanto os vereditos dos homens maus.

Melhor então aninhar-se em seus braços poucos matriarcais

E dela esperar apenas um beijo de boa noite.

Carlos Magni
Enviado por Carlos Magni em 17/09/2006
Reeditado em 08/10/2006
Código do texto: T242661