destino

premeditado a tecer a vida

destino cru de quem se apega ao tempo

quando os impulsos

sorvem a limpidez do canto humano e febril.

valham-me todas as criaturas

incautas e desatinadas

perdidas nas sensações do arder carnal

pois que a trajetória é muda, pálida e sã.

saber de mim

que nada sou

porque tudo senti

e jamais serei

o que quis na verdade ser.

descompensado da razão

eterna loucura de quem traz culpa atribuída ao tempo

no exato instante de acreditar

quando apagadas as luzes

sombreiam a altivez da necessidade incorpórea

socorram-me todas as filhas da rua

inocentes e pervertidas

iludibriadas nas fantasias do sofrer passional

pois que a culpa é surda, cálida e santa.

saber de si

que nada é

porque tudo sentiu

e jamais será

o que quis na verdade ser.

Marco Carneiro
Enviado por Marco Carneiro em 17/09/2006
Código do texto: T242790