Cognoscência

Sou a platéia que o teatro não viu

E contemplando fui brilho

O silêncio por quem não sorriu.

Cadeiras vazias... eu era ele!

Mas, quem dera fosse!

Sou um complexo multicultural

Repleto de vida e pouco Original:

Pessoa latente, Neruda gritante

O meu pai em seu dia mais sorridente

Aquilo de Drummond e Dante

O meu pequeno Irmão de coração gigante.

Sou você, nunca sou eu puramente

E nesta razão de pessoas em mim

Não busco outra coisa senão a mim.

Aquele que sabe realmente o que é

Talvez, nunca tenha se encontrado

Realmente!

Somos meros símbolos na transcrição do mundo

A palavra é coisa humana

Deus habita o silêncio.

E ainda, que sou?!

Alguém Lançarott...

Fui a lança com a qual me abriram o peito

Da dor que sinto não choro

Faço apenas trejeito.

Sou artista, sou a arte

Sou ardor e cognição

Ser homem é nunca ser totalmente

Ser arte é ser mera contemplação.

No teatro ele canta

No canto ele sabe

No saber se arrelia

Se a palavra é coisa humana

Eis a grande ironia, nossa limitação:

Pois somos filhos de nossa própria criação.

lançarott
Enviado por lançarott em 15/08/2010
Reeditado em 23/03/2012
Código do texto: T2439794