Soneto da desesperança

I

Foste uma rosa pequena

Pétalas azuis, serena

A quem amei sem pudor

Como quem cuida do andor

Eras rodeada de abelhas

Vinham pedir-te a centelha

Divina, que iluminava

A estrada de quem passava

Gozavas na flor da idade

Do amor, com a liberdade

Que eu nunca presenciara

Tu foste a beleza rara,

Alegria do teu jardim,

Que um dia sonhei pra mim

II

Roubei-te de onde vivias

Adorei-te tantos dias

Até que perdeste a cor.

És sombra da antiga flor,

Daquilo que amei em ti.

Agora que estás aqui,

Dormente a enfeitar a sala

Teu cheiro não mais exala

Secou o mel da tua vida

Estás sozinha e perdida

Envolta por minhas mãos

Perdeste teu céu, teu chão

Matei-te com falso abrigo

Que faço agora contigo?

TXAI
Enviado por TXAI em 19/09/2006
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