Sem ação
O espaço em branco
Sem ação
Me falta 'as vezes
ar
conto os minutos,
nem dou sequencia
'a uma idéia
Mesmo que tenha
morrido de paixão ontem
por ela
Não sei o que há
Nem sei o que espero
mas ofego
anseio
limito
desfecho.
Talvez
algum par de pés
pela porta
entrar
encher a copa
com areia
a vizinha berrar..
Um desconhecido
que venha
de mala e cuia
se instale na sala
e se ofereça
pra sentar
e jantar
bater em alguma coisa
arrancar a flor
dar outro som
pro ventilador
Pousa a mosca
saio pra rua
não tropeço
não caio
não bato
nem me desmancho
Fico só
rodo a pista
faço um molho
ligo
mil vezes
para o mesmo número
perco o encanto
invento a saudade
para ter no
que dar
rodo a casa
mergulho tão fundo
Não sei o que há
nesse estranho mundo
que não encontro mais em
mim,
uma só pincelada
rasteira
calma
e lenta
efêmera.
quebro a tecla
deixo sujo o pincel
embolo os papéis
amontoo
os jornais
Invento o cais.
perco a graça
repito a música
lembro do verso
erro.
e acabo assistinto
aos telejornais.