Poemeto nº 1

Perguntaram-me se sou feliz

Inquietei-me porque não sabia

Depois, para afagar-me, recorri ao dicionário

E, perguntei-me, se alguém encontrará nele a resposta

Aquela grandiosa com a qual se derrubará séculos e mármores

Ao comer feijão sou feliz

Mas logo depois não sou

Algo escorre para o sul ou para o norte

E vai-se embora como a morte

Que tem ainda muitos destinos

Resgato-a, porém, ao olhar uma criança a brincar

Mas talvez eu seja feliz mesmo quando a esqueço

Como a criança que não se pergunta e é, distraída na existência

Às vezes, não sou feliz comendo feijão

E agora? Onde a sua cara é uma muralha?

E tem dias que olhar uma criança me dá uma melancolia...

Em nenhum objeto habita o rótulo com data de validade e carimbo

E quem diria, ela é mesmo sem vaidade e sem caminho

Conheço gente que nunca foi feliz comendo feijão

Mas que consegue tal estado em coisas tão bobas como ele

E tem aqueles que extraem da gravidade

Uma estranha e oculta felicidade

No meio do poema fui feliz

Agora não mais

Se tivessem me perguntado se eu fui feliz...

Responderia:Muitas vezes!

E em lugares que talvez ninguém seria!

de Castro
Enviado por de Castro em 24/09/2006
Reeditado em 24/09/2006
Código do texto: T247968