Permanecer Metade

Teria ao menos um prazer

Se sentisse alguma dor

Mas essa praga de amor

Entorpece o meu querer,

Vírus letal da amargura

Percorre minhas veias

Me detem em duas teias

Uma mata a outra cura.

De mim nada mais resta

Além da mortífera ilusão

Que não deixou nenhuma fresta

Só vazio e escuridão.

É um fragmento minha vida

Um lampejo de esperança

De voltar a ser criança

Ter novamente guarida,

Quem sabe nunca conhecer

-E permanecer metade-

O que se dizem bem querer

E é um mal na verdade...

Melhor nunca ser inteiro

A ser partido em mil pedaços,

Foi a força de dois braços

Que me deu um cativeiro

Foi num beijo de amor

Que conheci o veneno

E ao luar tão sereno

Me despertou essa dor.

Tanto sangra e nunca mata

Esse tal punhal eterno

Vai do céu até o inferno

Da redenção gera desgraça.

fabiana macedo
Enviado por fabiana macedo em 17/09/2010
Reeditado em 19/11/2015
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