Duas vidas

A flor dos olhos está deitada no jardim rosado

A luz da alma está encostada no verso guardado

E tudo se torna tão claro quando a luz vem de uma flor escrita

Nos campos verdes, a madrugada é tão brilhante que ofusca

Nos campos cinza, a penumbra é tão escura sem luz pra cá

E tudo se torna tão invisível quando o verde está sob as cinzas

Que mostram a morte do fogo em suas vistas

Nos subúrbios de um céu projetado

Na guerra das palavras vendidas

No espelho que ainda não se quebrou

Na sofreguidão do orgulho fechado

No tremor da ansiedade perdida

No fogo que queimou e não abrigou

E quando o fogo morre em seus olhos, eles se fecham

E quando os seus olhos morrem, vê-se o instante de morrer também

Porque na hora que a fé não mais existe, eles te flecham

E se você foi atacado, a primeira morte você já tem

A herança da palavra outrora esquecida

Se você já perdeu uma, só tem mais uma vida

Alex Dutra
Enviado por Alex Dutra em 19/09/2010
Código do texto: T2507739