A vida cômica como a ida
Sorria da vida por ela fazer-se assim cômica como a ida,
e doía no peito ferida e tangente apontando a saída,
queria rir-me da vida como outrora fazia sozinha e distraída,
queria que não fosse verdade que luto por um amor em ruínas.
Sorria pois imaginava que me amava, e que com o tempo mudara,
mas o tempo formou uma crostra separando-nos em atmosferas.
doía em meu peito querer tanto reviver o fogo,
mas eu punha lenha e o dito jogara água sem pena.
Estou cá novamente vendo meu lindo castelo fazer-se ruínas,
e não existe fato que mude, que o que havia já não mais existe,
mas dos resquícios que ainda faziam brasa na fogueira ,
tornaram-se fogo ardente incendiando o resto do castelo.
E eu corri o mais que pude, corri o mundo todo,
na intenção de desatar o nó na garganta que inflama,
na incerteza de que vivo uma utopia e mesmo assim eu ria,
estou encantada por algo inconstante e invisível.
As vezes sinto perto, as vezes está tão longe,
queria poder tocar os lábios dos gárgulas nos castelos,
queria dar-lhes vida, se me jurassem amor eterno,
mas que me salvassem desta minha inquietude de nada saber.