Três Poemetos sobre os Olhos

Amordaçada mortalha

cala-me-os olhos,

se cândida figura fulgura,

esplêndida escultura, me venda

- me venda teus olhos sós.

Olha só: quem me dera,

veracidade vera, sou eu mesmo,

teu olhar verdadeiro,

quem me olha só...

* * * * * * *

Interpreta meus olhos-teus,

decadente nesse poço de giro luciférico

- olhar, esquece-me.

Pomba, os teus-olhos-meus assombra,

transporta-nos o fado alegórico

- olhar, traspassa-me.

É, amigos, morre ela-comigo,

num beijo-colírio, se indo, fugindo

- olhar-partido-amor.

* * * * * * *

Conhecerei meu olhar

sem olhar em espanto

o olhar que em seus

olhos perfeitos vejo?

É de espantar os olhos

olhares trocados ao ver

que nessa mesma visão

tropeçam nossos olhares...