Se mesmo assim

Não quero que meu nome

te cause por mim admiração,

espanto

estranheza...

Quero, antes, o teu repúdio...

o fel do ceticismo preso

no teu olhar de soslaio...

Não te quero ser

as cores de abril...

nem a quimera das noivas

[de maio...

nem a cor da esperança...

nem a beleza das rosas...

nem a fé dos cristãos...

Quero o gosto

do que seja cru – No mênstruo

da minha insanidade...

A ferida que sangra, o grito de

[dor

...engasgado...

Quero tudo que seja áspero

na palma da minha mão...

Quero a noite,

o frio...

a solidão...

Se mesmo assim – como sou,

no silêncio escuro da noite

tu me procurares...

e se depuseres a mim

tua companhia...

Teu colo quente... tua ternura...

Eu poderei, enfim, provar

(deveras) do gosto do amor...

e dos sortilégios de uma mulher

[companheira...

E dar-te em troca

– desmedido –

infinitamente mais...

cristovam melo
Enviado por cristovam melo em 25/09/2010
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