Viver me apetece

Me aquece um calor, um mormaço que acalma,

Leveza de alma e um suave torpor.

Rajadas de vento, carinho que excita,

No corpo palpita e na pele é um alento.

Respiro bem fundo e quebro o encanto.

A mente, no entanto, universo rotundo,

É prenhe de sonho, ilusão e quimera,

Só vive de espera, é até enfadonho.

Eu tento domá-la, fazê-la silente,

Ao menos que tente calar-me na fala.

E guardo pra mim tudo aquilo que sinto,

Se omito, não minto, me aquieto, isso sim.

Retorno ao fugaz, embalada na brisa,

O ar quente me alisa, devolve-me a paz.

Relaxo e me abraço a esse som que me alcança

E sigo na dança, marcando o compasso.

Repleto de estrelas, sem nuvens o céu,

Nos olhos, pincel, vou tingindo-as ao vê-las.

A vida parece, assim vista de fora,

Em cima da hora e viver me apetece...