NUANCE
Dois caminhos…
Uma sombra no meu peito
Revestida de quartzos azuis.
O perfume das águas que singram,
Que sagram de Escorpião a Peixes…
O vento norte e vento sul,
Prólogos de inverno e primavera.
O calor do gelo,
Que incendeia, que faz a alma transpirar.
O frio do fogo,
Que congela as dores,
Que suaviza a gravidade das ânsias.
A rosa-dos-ventos confusa, desvairada,
Aponta a bússola do meu peito para o leste…
Será esse o caminho?
Duas vozes sussurram em mim:
“Sim…”
“Não…”
E eu me posto na tênue linha que separa a luz e a escuridão.
Tão frágil linha!
Por um pequeno deslize,
Deslizo para algum dos lados…
…E não tem volta!…
Diz coração, diz para mim!!
Faço reverências para ouvir os anciões,
As vozes luminosas da minha alma,
Respondam claramente minha questão:
Cianita negra ou azul?!
Eu amo com sofreguidão a luz matizada do luar,
Em que ninfas dançam,
E fadas da noite sussurram magias ao vento…
Mas…
Eu amo com cada fragmento desse corpo mortal
A claridade insana que me rouba insônias,
Os raios divinos da coroa solar
Em que devas se vestem de luz.
Cianita negra ou azul?
Gira a roda do destino,
Gira sem tino, sem paz…
E eu me escondo entre ocasos e auroras.
Suspiro de prata pranteia meu ser…
Dois…
Dois…
Por que meus olhos não enxergam apenas um?!
E o sangue pulsa descompassado em minhas veias…
E o amor pulsa dividido em peito…
E duas lágrimas escorrem na face pálida do meu rosto.
Tempestades de ânsias…
Tempestade meu ser.
Diz para mim Luz maior,
Qual água devo eu beber?
Qual jóia devo carregar em minha alma:
Cianita negra ou azul?
Não sei… não sei…
Língua nenhuma,
Sortilégio nenhum
Responde minha questão…
Revoltas em ânsias…
Um respiro no vendaval:
Sem mais chorar, sem mais cantar,
Eu me trancafio no jardim de lótus dourados,
Talvez, em sua última floração
Eu saberei qual a linha que se partirá da minha história…
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