A PALAVRA (Dedicado à colega e amiga Fátima Almeida)*

quem dera a palavra

tivesse a mesma suavidade da nota musical

quem dera a frase, o verso, o poema

fosse assim como um Strauss

um Stravinsky

Mozart

Schubert e outro tal

quem dera a palavra soasse doce

colorida

amarela feito um trigal

alvo jasmim

dália, rosa, miosótis

delicado lírio

fosse a palavra de prazer martírio

quem dera fosse a palavra o verde de todos os tons

vermelhas rosas , cravos, boninas

fosse radiante como olhos de meninas

ainda tivesse todos os matizes do mar

ai, se a palavra pudesse pousar feito borboleta

brilhar tal pirilampo

entre as brumas do campo

pudesse a palavra ser carícia

de regato cristalino

quartzo hialino

fosse a palavra uma interminável harmonia

e tivesse o escuro da noite sem luar

e do verão a luz do dia

ainda possível fosse

à palavra a neutralidade das folhas de outono nas calçadas

do inverno o frio

da primavera o anúncio do estio

* Fátima Almeida (nome de usuário do RL) é professora, radicada em Aracaju e é assinante deste site. Nós duas nos conhecemos pessoalmente e a professora já esteve comigo em uma sessão da Academia Sergipana de Letras.

Registro aqui que são três as pessoas que já conheço pessoalmente (mulheres e ligadas ao RL): Professoras Fátima Almeida, Edna Lopes e Christina Cabral. Esta é uma paulistana, residente em Aracaju, fundadora do site Colmeia Literária e também participa das reuniões da ASL.