Quando eu levanto a minha voz

Quando eu levanto a minha voz,

perco.

Quando eu levanto a minha voz,

ainda que cheio de razão,

perco.

E o que fica é o estrondo

os decibéis que explodem

acima de nossas cabeças.

Quando eu levanto a minha voz,

perco

- exceção feita a aquele momento em que

do meio da multidão, ela se eleva.

Mas mesmo então,

perco,

se não consigo dizer nada,

não,

se ninguém ouve nada,

ou se eu falo sem razão.

(por isso tudo tenho andado calado, a me perguntar onde está a minha voz, o destempero e a empolgação; penso, repenso e calo, fundo, silente, inerte, em vão)

Até mesmo este poema

- torto, também pudera,

vindo da boca de quem vem -

poderia ser não.

(leio no jornal notícias sobre o coletivo Wu Ming e aí é que me pergunto, de vez, quem foi que me deu permissão, a quem interessar possa, por que que a gente é assim, e fala tanto - com ou sem razão)

.

Renato van Wilpe Bach
Enviado por Renato van Wilpe Bach em 07/10/2010
Código do texto: T2542136
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.