A Senhora e o Sacerdote.

Diz-me senhor que sou fruto proibido

Purgatório, arritmia e conflito

Que rasga-se por ser comedido

E transforma prece em mito

Diz-me senhor que clama o meu ouvido

Para oferecer-me voz em delito

Com juras de amor e gemido

Depois, arrepender-se aflito

Não me diz senhor ensandecido

Que só meu corpo tem o dígito

Do código morse condoído

Nas entrelinhas do teu espírito

Não me diz senhor, pecado bendito

Santa heresia ou sonho atrevido

Sacerdote e querubim decaído

Mulher alheia infiel ao marido

Diz-me senhor, sonho esquecido

Pudor santo descorrompido

D' um suposto amor descabido

Dá-me o adeus em gemido.

Sheila Gomes de Assis
Enviado por Sheila Gomes de Assis em 07/10/2010
Código do texto: T2542154
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