Ordinária

Você estendendo a mão

Toda coberta de sangue

E eu com todas as curas

Fingindo que não te vejo

Fingindo que não te quero

Fingindo que não te odeio

Cadê seu sorriso?

Pensei que você estivesse bem

Pensei que a outra estrada fosse boa

Depois que você se foi

Passaram outras pessoas por aqui

Da varanda eu via

Sentia

Lembrava

Chorava

Mas...

De dois anos pra cá comecei a sorrir

E até me esqueci de você

E de uma hora pra outra

Você aparece

E eu te vejo estendendo a mão

Toda coberta de sangue

Você sabe que eu tenho todas as curas

Você sabe que sou escolhido por Deus

Você sabe que vou te deixar morrer

Então porque você me estende a mão?

Talvez porque você saiba que eu sou o último

Ou talvez eu seja o único

Que possui todas as curas

E você toda suja de sangue

E eu e Deus

E minha nova vida

E o ódio que eu tenho de te odiar

E eu te vejo parar de respirar

Toda suja de sangue

E naquele momento eu me culpei por tudo

Mas não senti pena de você

Porque você era tão...

Ordinária.

Marcelo Mosque
Enviado por Marcelo Mosque em 02/10/2006
Código do texto: T254347