A linha do meu raciocínio

A linha do meu raciocínio,

às vezes,

É como a fumaça de um incenso

que escapa pela janela

ao sabor suave de uma brisa lenta

curvilineando serpentinas formas pelo ar.

A linha do meu raciocínio,

às vezes,

É como a fumaça de um incenso

quando o vento pára - reta e dura,

e veloz dura até sumir remota.

Esse incenso,

cuja fumaça é,

às vezes,

a linha do meu raciocínio,

esse,

que muito inda tem para queimar,

é a minha poesia,

cujo cheiro, qu'ora incomoda or'acaricia,

sente-se

como aquela sensação

de quem por alguém espera

e tem a impressão de o sentir chegando.

A linha do meu raciocínio é a Minha Poesia

A linha do meu raciocínio é Minha

A linha do meu raciocínio é Poesia

Portanto, senhores,

Não esperem que eu seja lógico,

apenas que eu seja léxico,

E não esperem que eu tenha nexo

quando se pode fazer rima.

A linha, do meu raciocínio,

É,

às

vezes,

como uma caneta que não pega,

como o tempo que não volta e

como o tempo que não passa -

É como uma vírgula no lugar errado...

A linha do meu raciocínio

é, às vezes, a minha linha de raciocínio

que eu sempre perco quando vejo um aluno conversando com outro

durante minhas aulas de literatura.

A linha do meu raciocínio é torta,

e ainda dizem que Deus escreve certo justamente por essas...

André Damázio
Enviado por André Damázio em 03/10/2006
Código do texto: T255285