O PENITENTE

Até quando levarás os cem,

os mil, os infinitos a mais,

para a mesma alcova contigo?

Por que já entras na batalha

derrotado, tão precocemente?

Por que? Por que batalha?

Todos os demais já se foram,

derrotados pelo tempo, pelo vento

que sopra e arrasta a tudo,

tudo a seu tempo.

Se o tempo é hoje, é seu,

por que abrir mão dele?

A puta paga com seu corpo,

o penitente paga com seu corpo,

tentativa de custear a culpa

com um corpo decadente... impotente,

prepotente... peni-tente.

Não, não tente, e permaneça sim

impotente!

Assim contente?

Mire o ventre de fogo,

cubra-o com seus dentes,

e mais, muito mais,

rompa devagar, sem arroubo,

varando o fundo do mar, do

universo, da flor de carne

e sangue e contentamento!