À MESA
Assimilo palavras,
sorvo da taça as letras soltas,
em tons de uva, que navegam.
Fatio no prato ligeiras impressões,
separo contornos de letras, pedaços largados
ao lado, ao canto do guardanapo.
Renegados estão os aperitivos das tuas falas.
Arregalo olhos de quem não te vê sempre à mesa.
Sirva-se das linhas que te sobraram.
Deleite-se com o torpor do vinho nos dedos.
Limpe os líquidos resíduos, que se perderam aos cantos
da tua boca, do teu delírio, nos teus medos.