Afeição

Quero que veja teus reflexos em mim;

As reações que, em cadeia, são desenfreadas

Por um toque teu.

Teus dedos gelados traçam a curva

De meu colo morno e sinto-me

Gelar por inteiro - derreto aos poucos.

Tua ternura e cuidado me deleitam

Mas nada ocorre... Não que queria!

Seria tudo contrário à ordem.

Mas chegar ao imo teu por externasses minhas,

E vocabulários teus - é de intento nosso.

E ao cerne meu por olhares teus,

Proximidade minha e afeição mutua - é deleite nosso.

Teu mirar encalistra- me; é, pois, oceano castanho que

Nas profundezas me perco, e não encontro caminho que dê

A respirar. E tudo que não consigo neles ler – tenho, nas impressões

De tuas mãos quando me afagam os cabelos, qualquer léxico que deles

Deveria extirpar.

Gostaria de conhecer - não se recíproco - mas

O que em ti causo, pois em mim você importa e reside.

Não é amor, por sua raiz ou pelo que virou, não é magnetismo dos corpos

Não é desejo somente. É algo mais.

É interior, a intimidade.

Arya
Enviado por Arya em 27/10/2010
Código do texto: T2582304
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.