Pedro do Brasil

Pedro descia a calçada.

Rumo à esquina o rapaz caminhava,

Sem remorso, sem dó,

Sem vergonha ou temor.

A calçada de cimento duro,

Dava de forma imparcial o seu testemunho,

De pó, de pedra, de crack e cocaína,

De meninos e meninas

Que descem o morro ao asfalto.

De encontros de burgueses e pobres.

Todos em um só sonho de noites e delírios cariocas.

Pedro parou se sentou no banco da praça,

Em um segundo de reflexão reprisou toda a desgraça,

De sua vida de morte, de sua morte anunciada.

Ouviu ao longe, próximo do asfalto preto,

Som de carro, parado; um motor contando os segundos,

Para em disparada esquecer aquela obrigatória parada.

Apenas mais um coração apavorado...

O jovem, mancebo, chamado Pedro,

Aproxima-se do veículo estacionado;

De arma em punho anuncia mais um assalto.

Estatística do asfalto que sempre sobe para o alto.

Mais um Pedro, um tu ou eu, mais um corpo esticado.

Pedro compra uma pedra;

Ascende sua candeia que ilumina sua escuridão,

E rapidamente se esquece da calçada...

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 28/10/2010
Reeditado em 24/02/2012
Código do texto: T2584192
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