Os dias da gente

Tem tanta coisa para se ver.

O mundo é tão cheio de coisas e pessoas e outras coisas.

Algumas rebaixam outras exaltam.

Um micro-ônibus transportava professores.

Um perfume veio de fora.

Era cheiro bom.

Cheiro de mulher.

O mato da roça esconde faces lindas.

Da macambira ao meu coração.

Foi o trajeto da seta do cupido.

Ela acenou, balançou a mão, tentou dizer.

Eu passei como sempre.

A mesma estrada.

A mesma poeira.

Nunca mais a vi.

Mas ficou na lembrança aquele rosto.

Seus traços se confundiam com a beleza do lugar.

A serra deita junto com a tarde ante seus pés.

Cochilei por um pouco rumo à cidade.

Havia um lago no caminho.

Havia uma sereia no lago.

A água era prata.

A sereia quase assim.

Seu rosto me lembra a macambira da estrada.

O cheiro que pulava dela.

O ônibus passou.

E eu nele.

Assim são os dias da gente.

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 29/10/2010
Código do texto: T2585209
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