Um rosto desconhecido

Eu a vi somente uma vez.

A impressão de sua imagem ficou na minha retina.

Pele morena, cabelos castanhos claros, um corpo abençoado por Deus.

Ela estava na fileira de cadeiras à frente da minha.

Não sei seu nome.

Senti seu cheiro.

Vi o brilho de seus olhos.

Minha adrenalina subiu.

Talvez fosse a cafeína.

Ou a idade pedindo perdão por ter ido tão longe.

A jovem moça sergipana levantou-se e foi até o balcão.

Seus pés deslizavam sobre o brilho do chão limpo.

Desejei ser aquele piso; minha alma tornou-se amiga daquela figura tão bela.

O desejo aflorou novamente; desta vez o desejo de dizer o que a natureza havia provocado neste coração.

A moça saiu do caixa.

Caminhou até a porta; ajeitou os cabelos, olhou para trás.

A esperança é a última a morrer.

Morreu mesmo.

E eu estou vivo, sempre lembrado daquele rosto desconhecido...

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 31/10/2010
Código do texto: T2589147
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