SOB MEU OLHAR

Sob meu olhar

Vi as mais belas silhuetas

Minhas retinas captaram

Naquele breve instante

A essência da beleza

E me perdi em pensamentos

Divaguei em filosofias

E cai em prantos.

Sob meu olhar

Vi a nebulosa noite

Ofuscando a lua e as estrelas

Não vislumbrei amores

Não li poemas nem tão pouco romances

E adormeci na relva em sono profundo.

Sob meu olhar

Às ruas vi belas cenas e outras nem tanto assim

Vi o casal andando abraçados e no ventre um outro ser

Vi na esquina sob olhares de motoristas apressados

A criança pedinte e sem futuro abandonada de outra geração.

Sob meus olhar

Tanta coisa testemunhei

E tantas vibrei e outras mais lamentei.

Sob meu olhar

Vi o carnaval, o funeral e o nascimento

Perdi-me em pensamento

E acordei sob outro olhar.

Sob meu olhar

Vi-me no outro o eu que desconhecia

Se me dissessem não acreditaria

Ou chamaria de vã filosofia

O que meus olhos não conheciam.

Sob meu olhar

Passaram o canto e o pranto

O esperado e o espanto

O brilho e o fosco

O sublime e o tosco

Aquele e aquela

A fome e a panela

O cheio e o vazio.

Sob meu olhar

Vi a vida e seu oposto

No espelho meu rosto

Já velho e cansado

Porém nunca desanimado

Porque atrás de mim

Outro rosto sorria.

Sob meu olhar

Cabelos vi ao vento

Crianças no relento

E lágrimas do meu olhar desceram

Não resisti.