Tão pouco

Eu tenho uma toalha e o meu olhar cansado

Eu tenho um pesadelo e um sonho ao meu lado

Eu corro para o vento ao olhar tão atordoado

Eu corro para as luzes sem dizer tão calado

Ela chora com um sorriso tão contraditório

Ela chora, mas sorri e até parece um velório

Ela anda na cozinha e senta no dormitório

Ela anda assim sem graça de um modo tão inglório

Ela e eu caçamos as poeiras do porão

Ela e eu, somos a brasa, fogueira do fogão

Mas ela não me engana não

E eu não a engano também

Ela sabe o que é sempre e eu sei que é além

Ela é a poesia viva, talvez por isso não escreva

Ela é as palavras que eu vou dar a ela

Talvez ela não deva

Entregar todos os seus sonhos ao primeiro poeta que chega

Ao primeiro verso inspirado num jeito tão branquinho

E em um sorriso tão inteirinho

E como eu não sei se ela pode abrir a porta para mim

E como eu não sei se ela pode me aceitar assim

Eu vou fazer mais um versinho

Porque ela é muito mais que as palavras um poema tão simplesinho

Alex Dutra
Enviado por Alex Dutra em 09/11/2010
Código do texto: T2604902