CABOCLA DO RIO

Havia uma estrada na roça.

A roça sempre esteve lá, mas eu não.

A estrada que vi na roça era uma estrada de roça.

Deve levar a algum lugar.

À mandioca, ao milho, ao feijão.

E a verdura que cresce do chão; e no inverno saudamos a São João.

O apóstolo Pedro não se vexa, pois logo sua missa é rezada.

Povo na praça, crianças em roupas de gala, tem até primeira comunhão!

Havia uma morena na roça.

A estrada a encantou.

E a morena me cegou.

Foi como fitar a lâmina do Sol zangado.

Apaixonei-me, fui um coração atordoado.

A cabocla era da beira do rio.

Tinha cheiro de mato.

Seu hálito era de jardim bem cuidado.

Sua silhueta juvenil me dava febre, e de olhá-la calafrio.

Tomei a estrada da roça.

Passei por muitos pastos.

E não sei por que não me lembro mais o caminho de volta...

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 10/11/2010
Reeditado em 17/03/2014
Código do texto: T2608604
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