Revolta
Meu corpo transpira
minhas mãos derretem-se,
meus lábios são chama.
Caminho com dor
rastejo procurando alívio
quero água
para matar o meu delírio.
Olho em volta
um rosto, milhões de rostos
desfigurados
isentos de humanidade
gestos nojentos
o sorriso
uma imagem crápula
as mãos
tenazes para saciar vícios.
Quero, grito e morro
o coração verte angustia
o cérebro
é como lagar,
pisa-se até transformar tudo
numa massa líquida de pouco.
Gritar para pararem
é sinal de demência.
Mas ignorar
as minhas angústias
a minha revolta,
é sinal de permissão
e não o consinto.
Rosa Maria Anselmo