Poesia ou fluxo de consciência?
Qualquer ponto da estrada
qualquer paradouro sem indicação
ao despertar de um sono pouco, breve
com sonho de gaivotas voando
como se tudo fosse paz...
Sorriso amarelo... apenas a boca
com lábios estirados
(melhor mesmo era não ter
nem que olhar para o lado)
Aquele pregador a noite toda nos meus ouvidos
a insistir que deus existe...
(sei lá se existe ou não
os homens também criam cada coisa...)
Irritante essa sempre concordância com as regras
com o previamente estabelecido
para o mundo ser melhor
(e se não fosse assim,
será que não seria mesmo muito melhor?)
Transgredir a hipocrisia,
dar autenticidade a tudo...
- ... mas fui eu mesma que disse isso?
(- ...por que será que hoje sou verdade?)
Algumas ruas acima o silêncio da cidade
(nem sei qual é...
faz horas que esse 'bus' dá voltas e voltas...
- que lugar do mundo é este?)
passa no meio dos tiros.
Todo lugar é igual.
Cidade esvaziada nesta hora da madrugada
e a lua é cheia... linda!
No meu canto converso com tantos!!!
(todos vão comigo no meu pensamento...)
E o pastor quer as minhas respostas
- por que duvido da existência de deus?
Ora, nem eu sei... isso é coisa sem resposta.
Segue-se... Seguimos todos...
o ronco do motor a força das marchas
os morros com luzes ao longe
mais uma parada ao longo do caminho.
- E por que estou aqui?
A chuva sempre é fria em qualquer estação.
A estrada começa a ficar cidade... apitos
barulhenta, desperta-me para o real.
Já nem sei quem é mesmo essa que vem dentro de mim...
- ...a passagem.
O rumo virá ao meu encontro...