AS FLORES
A flor que aparece, que aflora
Flor cheirada, admirada, encanta
Flor oferecida com amor, desflora
Flor de morte, murcha na terra santa
Flor do mato, tão brava e silvestre
Ignorada e esquecida, que linda flor
Esconde envergonhada a beleza agreste
Cerca de altos muros o resguardado pudor
Flor doméstica, linda prisioneira
No espaço do vaso cerâmico confinada
Sua pudica beleza é falada na rua inteira
Sua pele lisa e sedosa, é de longe admirada
Flor parasita, que precisa pr’a viver
Ser alimentada na raiz por árvore forte
Linda flor, sua beleza imensa a faz esquecer
Que é a eterna prisioneira da sua própria sorte