Gota
Na verdade tornou-se um estandarte,
Uma escultura, um sopro de arte
Perdida na escuridão
Do passado, do tempo rendido
Das horas de inocente esquecido
Da pureza de dizer sim com um não.
E o silêncio no barulho do caminho
E a esperança de não andar sozinho
São sólidos em minhas mãos
Mas não cruzo, não olho, não sinto
Eu tolo e fraco sempre minto
Que não se liquefez nem esperança nem a razão.
Passa o tempo, faz marcas, faz história
Eterno é tudo menos eu, minha memória
E as coisas do coração.
Eterno os olhos com sede de saber
Eterno os seios delas e o querer
Um toque rápido e tímido em quaisquer mãos.
Crescemos e navegamos por outros rios
Uma vez um encontro em um dia frio
Esperança de bolhas de sabão
Um telefonema, um sorriso, um Adeus
A lembrança do azul dos olhos teus
E o choque das bolhas contra o chão
E num dia duro e friu
uma gota que partiu
sonha em voltar ao rio.