Gota

Na verdade tornou-se um estandarte,

Uma escultura, um sopro de arte

Perdida na escuridão

Do passado, do tempo rendido

Das horas de inocente esquecido

Da pureza de dizer sim com um não.

E o silêncio no barulho do caminho

E a esperança de não andar sozinho

São sólidos em minhas mãos

Mas não cruzo, não olho, não sinto

Eu tolo e fraco sempre minto

Que não se liquefez nem esperança nem a razão.

Passa o tempo, faz marcas, faz história

Eterno é tudo menos eu, minha memória

E as coisas do coração.

Eterno os olhos com sede de saber

Eterno os seios delas e o querer

Um toque rápido e tímido em quaisquer mãos.

Crescemos e navegamos por outros rios

Uma vez um encontro em um dia frio

Esperança de bolhas de sabão

Um telefonema, um sorriso, um Adeus

A lembrança do azul dos olhos teus

E o choque das bolhas contra o chão

E num dia duro e friu

uma gota que partiu

sonha em voltar ao rio.

Robson Simões
Enviado por Robson Simões em 15/10/2006
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