Verdade seja dita
Esse homem que eu amo e não me ama,
que não me tem nos seus planos
e que é a minha dana,
é o homem do meu segredo,
do meu medo,
do desassossego,
esse homem que me invade a mente,
que me toma o coração,
que aquece meu corpo, de repente,
numa febre de paixão,
é o mesmo que não se importa,
que me faz ser mais um número à toa,
que tem bilhetes embaixo da porta,
da mulher que ele gosta, na boa,
esse homem é o que deixa recados
em cada canto para uma mulher diferente,
que tem sua vida cheia de achados,
de ilusões que ele espalha como semente,
é ele, é o homem por quem eu choro todo dia,
por quem vivo partindo de tudo e de mim,
é o que me insulta, me despreza, me agonia
e me tem como uma mentirosa sem fim.
sou só uma, dentre tantas, que ele esquece,
que ri, chuta, engana, tripudia e escarnece.