Forasteiro
Forasteiro,
vem de uma terra distante.
Não sabe para onde vai,
não sabe de onde veio.
Nas colinas da pequena cidade,
desaparece no horizonte,
entre os sulcos e vales desertos.
O caminho do sol é o destino.
Aguarda-o na próxima esquina
a menina,
o companheiro da viagem.
Onde tu estás?
Trilho estradas olhando para meus próprios pés.
O cajado me consola?
Talvez o teu.
É claro,
o ponto final
está após a curva fechada
da estrada sem acostamento.
A cada cidade um novo rosto,
uma nova aventura,
um novo perigo,
que já é tão velho,
conhecido.
A experiência.
Já consigo solucionar o problema.
Passar sobre a ponte
da represa de Xavantes
sem olhar para baixo, me afogar.
O companheiro retorna.
Estava acompanhado e não percebia,
era feliz e não sabia.
Chega de caminhar.
Desejo sentar-me no banco de madeira,
acalantado pela mangueira
do fundo do quintal.
O cajado serve apenas para alcançar o fato ocorrido.
Não há mais estradas para percorrer.
Não há mais cidades para passar.
Não há mais companheiros para me seguir.
Todos me acompanham,
mesmo não dando nenhum valor.
Como és egoísta!
Seguiste os teus próprios passos,
não os inclua no teu trajeto solitário,
apenas agradeça por terem passado em teu caminho.
Já é finda a viagem.
As sete horas sentado dentro do ônibus
ouvindo as músicas melancólicas
de Oswaldo Montenegro e Renato Russo
serviram para compor as minhas próprias.
Já é o ponto final?
Ainda não, falta só mais um dia.
31 de dezembro.
Faltarão 365...
Sempre espero um novo dia,
para prolongá-los com mais tranquilidade e paz.
26/12/2010