A Pintura do Poema
A lua flutuava na calmaria da noite
inundando os jardins com sua luz
por entre a indecisão das ramadas
na sua preguiçosa tertúlia sem fim.
Pela rua adormecida de cansaço
pequenos duendes brincavam.
Suas traquinas vozes ecoavam
procurando algum recôndito refúgio
onde possam descansar.
Ali, na angústia das madrugadas
antes do amanhecer
na agonia das últimas sombras
quando os anjos acordam
e os cristos renascem dos madeiros
para enxugar a face sonolenta
da névoa matutina,
ninguém viu a formosura dessa tela!
Eu também estava aí
Escondido no perfume da tristeza
Ninguém me via
Ninguém sabia
Era parte da pintura inocente
que o poema tecia
no caudal das noites e dos dias.
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