Janela amanhecendo
Gritos e desespero
Corpo cansado
Mente em ruína
Poço sem fundo
Poça sangrenta
Olhar cinzento
Cartas rasgadas
Cabeça rachada
E o desapego.
O raio que traça
Solvendo o momento
Suspiros trágicos
Susto que passa
Recomeça a bater
E começa a sentir
Os olhos iluminam
Acorda os que dormem
Cala os que gritam.
Enche-se de água
Dissolve o desespero
Cabelos ao vento
Pegadas de alegria
Algumas folhas verdes
Sobreviventes flores
Rastro de sorriso
Formigas no ninho
Janelas amanhecendo.
Incha o peito de alívio
Abrem-se nuvens empoeiradas
Caem véus finados
Colore o que restou
Volta a sonhar o perdido
Pisca o olho estático
Sente bater bem mais forte
Sara as feridas
Junta alguns pedaços.
Encaixa cada momento
Guarda todo o passado
Retira a beleza do novo
Nota mãos entrelaçadas
Alegrias unidas
Tempestade que passa
Corpo estremece
Sol que ilumina
Esperança renasce.