Janela amanhecendo

Gritos e desespero

Corpo cansado

Mente em ruína

Poço sem fundo

Poça sangrenta

Olhar cinzento

Cartas rasgadas

Cabeça rachada

E o desapego.

O raio que traça

Solvendo o momento

Suspiros trágicos

Susto que passa

Recomeça a bater

E começa a sentir

Os olhos iluminam

Acorda os que dormem

Cala os que gritam.

Enche-se de água

Dissolve o desespero

Cabelos ao vento

Pegadas de alegria

Algumas folhas verdes

Sobreviventes flores

Rastro de sorriso

Formigas no ninho

Janelas amanhecendo.

Incha o peito de alívio

Abrem-se nuvens empoeiradas

Caem véus finados

Colore o que restou

Volta a sonhar o perdido

Pisca o olho estático

Sente bater bem mais forte

Sara as feridas

Junta alguns pedaços.

Encaixa cada momento

Guarda todo o passado

Retira a beleza do novo

Nota mãos entrelaçadas

Alegrias unidas

Tempestade que passa

Corpo estremece

Sol que ilumina

Esperança renasce.

Morgani Guzzo
Enviado por Morgani Guzzo em 21/10/2006
Reeditado em 21/10/2006
Código do texto: T269624