YIN-YANG

Quando as janelas do passado se abriram

Meus olhos mudaram de cor…

No meu céu, duas luas transitavam

Em uma mística valsa…

Incendiava, num campo de peônias,

O ritual fátuo de perfumes em floração.

Quando as janelas do passado se abriram,

As luzes do nascer dos lótus cintilavam com brandura,

Mesmo em meio ao caos e ao lodo

A imaculada beleza imperava se traduzindo em flor.

Então eu vi quantas sombras perambulam pelas ruas…

Fascínio traiçoeiro que cega a visão de tantos homens:

O falso brilho opaco do sol;

O tempo preso em uma gaiola;

Passos loucos, uma eterna rotina

De andar em círculos, de nunca encontrar seu verdadeiro lugar.

Então percebi quantas lágrimas se escondiam

Em lábios que vestiam sorrisos…

A maciez de tantas vozes

Sufocando desesperados gritos de socorro…

E qual aroma é aquele que usa a bela dama?

Um perfume de abandono que sufoca suas narinas…

“Mas afinal, o que é tudo isso?”

Bradava em meu ser essa pergunta…

Enquanto uma voz me respondia:

“Já sabes a resposta…”

Suspirei…

Quando as janelas do passado se abriram,

Meus olhos transcenderam pelos sonhos,

Acordaram-me de um longo sono mórbido.

Tudo aquilo que eu vivi não passava de mentiras tolas.

“Esse é o mundo onde nasci?!”

Indaguei-me…

As cores das peônias exalavam sua grandeza.

Num local fora do tempo e do espaço,

Silente, assisti a desfecho de fatos…

Amanhecia…

Enquanto o mundo dormia,

Enquanto um Anjo me dizia:

“Chegou tua hora… Vem para luz!”

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Michelle Buss
Enviado por Michelle Buss em 29/12/2010
Código do texto: T2697619
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