YIN-YANG
Quando as janelas do passado se abriram
Meus olhos mudaram de cor…
No meu céu, duas luas transitavam
Em uma mística valsa…
Incendiava, num campo de peônias,
O ritual fátuo de perfumes em floração.
Quando as janelas do passado se abriram,
As luzes do nascer dos lótus cintilavam com brandura,
Mesmo em meio ao caos e ao lodo
A imaculada beleza imperava se traduzindo em flor.
Então eu vi quantas sombras perambulam pelas ruas…
Fascínio traiçoeiro que cega a visão de tantos homens:
O falso brilho opaco do sol;
O tempo preso em uma gaiola;
Passos loucos, uma eterna rotina
De andar em círculos, de nunca encontrar seu verdadeiro lugar.
Então percebi quantas lágrimas se escondiam
Em lábios que vestiam sorrisos…
A maciez de tantas vozes
Sufocando desesperados gritos de socorro…
E qual aroma é aquele que usa a bela dama?
Um perfume de abandono que sufoca suas narinas…
“Mas afinal, o que é tudo isso?”
Bradava em meu ser essa pergunta…
Enquanto uma voz me respondia:
“Já sabes a resposta…”
Suspirei…
Quando as janelas do passado se abriram,
Meus olhos transcenderam pelos sonhos,
Acordaram-me de um longo sono mórbido.
Tudo aquilo que eu vivi não passava de mentiras tolas.
“Esse é o mundo onde nasci?!”
Indaguei-me…
As cores das peônias exalavam sua grandeza.
Num local fora do tempo e do espaço,
Silente, assisti a desfecho de fatos…
Amanhecia…
Enquanto o mundo dormia,
Enquanto um Anjo me dizia:
“Chegou tua hora… Vem para luz!”
http://eadrom.wordpress.com/