Canino

Hoje não há calor,

Vento, pedra e areia.

Há fogo à caminho,

Canino furor de alcatéia.

Há penhascos e ressaca,

Um porre, vento e água,

Um lento rugir de ar.

Hoje não há canto,

Lamento, festa e lareira.

Há um tolo faminto,

Fedendo à suor e saliva,

Há uma sombra velando o luar,

Um uivo à noite nefasta,

Um lobo clamando seu par.

Hoje não há como escapar,

Sangrando a peste caminha.

À tua sina teu canto

Sedento, à clamar tua alma.

Um passo, pele, garra,

Um beijo à tua boca, mata,

Um pecado solto no ar.

Hoje, tens no tempo teu fim.....

Antonio Antunes
Enviado por Antonio Antunes em 22/10/2006
Código do texto: T270576