O retrato do hoje

A gênese de toda a vida

Vem liberando todo o seu pranto

O algor que silencia o seu manto

Dor de mãe não compreendida

Ao brotar a flor com esmero

Cede toda a sua energia

Palpita o húmus de alegria

E no céu pinta-se o amarelo

A natureza revela sua plenitude

Cresce árvore, flor, amor

Surge alimento, agricultor

Tudo interage em completude

O sistema da vida pulsa levemente

Somos todos órgãos interatuando

Partes de um corpo caminhando

Ao declínio sublime facilmente

Cientes da nossa imortalidade

Sentimo-nos fechados em aflição

Lutamos por encontrar exatidão

Em nossos atos que buscam a felicidade

A segurança escapa a sorte

Somos mártires de nossos passados

Agredimos e somos maltratados

Uma relação mútua de pulsão de morte

O sonho é da coletividade

Unidos: animais e natureza

Essa nossa vã certeza

De firmamos a plena amizade

Mas o homem prefere viver destruindo

Para construir teu reinado

E sofre sozinho, calado

Andando sem rumo, partindo

Nos labores, nas angústias e só

Seu choro inunda toda a terra

Pede desculpa pelas guerras

O valente guerreiro hoje voltou a ser pó.