JOGO DA VIDA

Salta dentro do meu peito

Esta feroz raiva incontida

Das horas que jamais vivi

Em meu coração eu enjeito

Aquela dor forte e sofrida

Da mãe que em novo perdi

Sinto a revolta nas entranhas

De minha mocidade perdida

E muitos prazeres que vivi

Sinto ainda dores tamanhas

Causadas por toda a bebida

Que inconsciente eu bebi

E a recordação estranha

Daquela imagem esquecida

Do amor que eu não vivi

E a grandeza da montanha

Que é a escalada da vida

Para ter chegado até aqui

Sinto a unha que arranha

Minha pele já ressequida

No coito que eu não senti

Sinto que a morte me ganha

E que me leva de vencida

Neste jogo que eu não pedi.

1999

João Guerreiro
Enviado por João Guerreiro em 04/01/2011
Código do texto: T2707811