O Outro

Quando as superfícies me refletem eu ouço o gritar do outro, silencioso e tão denso, como se fosse o ar sobressalente de uma caverna marítima.

As minhas mãos estremecem, os meus olhos se retiram da figura. O que será que vêem?

Nunca ousei perguntar: todos os medos se originam no desconhecido. É o desconhecido que não sei se fere que me faz horripilar!

Espelho! Espelho!

Cruel lago!

Ao toque de tua face desaparece aquilo que sou.

E tu, outro, que me arrasta: se desfaça!

Volta para o lar obscuro de mim!

Deixa-me enganado com o pó da utopia.

Vai e deixa a minha ilusão!

Sérgio Caldeira
Enviado por Sérgio Caldeira em 04/01/2011
Código do texto: T2709118
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