Pai velho

Pai Velho chegou.

Caminhou de longe até aqui perto de mim.

Pai velho falou de manhã, de tarde e de noite.

A espera é para quem não se desespera.

Quem não murmurou.

Quem não cegou.

Eu vi o sol namorando a lua encima de um pé de goiabeira.

Aprendi a rezar ainda moço.

Falo com a língua pregada ao céu da boca.

Não largo meu cachimbo de madeira.

A noite caminha como moça prendada.

Sabe cozinhar as horas, cumprimenta as senhoras da calçada;

As ricas de mesas fartas, e os pobres de barrigas ocas, varadas.

Pai Velho chegou, todos o esperam no barracão da Lapa.

Ele trouxe um conselho de seu Jorge.

Quem brinca com cobra é picado.

Andar no formigueiro é coisa de gente tola.

O precisado só demonstra porque tem pressa.

Acendi uma vela lá no canto do terreiro.

Em silêncio o pedi um pedaço do mundo.

Por que não?

Todos têm o seu, só o meu que não apareceu!

Uma boa alma é Pai Joaquim de Aruanda.

Deu-me uma luz no fim da estrada.

Encontrei a botija no mato enterrada

Pai Velho me ajudou a segurar a banda.

Pai Velho se foi como passarinho.

Esqueci-me de perguntar para onde...

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 06/01/2011
Código do texto: T2713411
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.