SEREIA POETA SURFISTA

com a mesma elegância que

desfilas no ritmo das águas

domas os dedos, a caneta

para escreveres com a quilha

- o verso da prancha -

sobre a solidão que dá asas aos pés

à imaginação, ao desregramento líquido

e nada sutil da poesia

deslizas, viras a folha

fazes o tubo perfeito

dropas na linha reta

no mar branco, monocromo

de coloridos efêmeros

onde singra a liberdade

cara ao sol, cabelo ao vento

peito nu, braços abertos

reina essa certeza inexata

suspensa, virgem, surpresa

o bulício de todas as águas