Coisas de verão ( de novo lembrando Adélia)


Verão chegou outra vez
como filho temporão
dando o ar de sua graça
em meados de setembro
Com seu jeito tresloucado de ser

Alguém se lembra de calmaria em dezembro
Janeiro fevereiro e março?

Na minha memória somente o abrupto
O excesso ou o despudor
me vêm à mente

Mas muita gente
se diz pra lá de contente
No verão escaldante
De chuvas intempestivas
De extremos quase delinqüentes

Tiquim de primavera ainda
Encanta os jardins
Onde ninhos minúsculos de beija-flor
suavizam o olhar
Convidam às amenidades
Como uma prosa boa
Na mesa posta pro café da tarde
Mas mineiramente
Sem o alarde
Das praias cheias
Do axé trepidante
Ou dos rasgos dos relâmpagos
No céu

Ninguém passa ileso pelo verão
Desde o canto apocalíptico das cigarras
Ao mais renitente inseto de beira de rio
Esse estio
Esse desvario
Essa sensação de fim de mundo...

Pra onde foi meu pensamento fugidio?
Ô de casa! Tô entrando!
-Chegou em boa hora
Aceita um cafezinho?
amarilia
Enviado por amarilia em 07/01/2011
Reeditado em 15/10/2015
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