Lembro-me nas cordas tristes da minha guitarra

Lembro-me nas cordas tristes da minha guitarra

Que não haverá outro verão na minha vida

E que se acabaram os sonhos do tempo de escola

E as divagações sobre tudo no caminho para casa…

A vida agora é concreta e pago impostos

Entrei na vida a que as pessoas chamam

“Vida de homem” mas as pessoas são estúpidas

Sempre foram…

Os sonhos fogem agora de mim como gaivotas

A rasgarem o azul amanhecido de Lisboa

Por entre aquela luz estranha que todos os poetas amam na cidade

E as coisas são estranhas para mim agora…

Sinto-me um numero uma desilusão de mim

Uma sombra a que o sol já não chega

Invade cada traço do meu sangue uma onda de saudade

E lembro-me das tardes de Inverno na escola

Tantos projectos, e tão vagos para fazer depois...

E agora é o depois e nada…

Tudo papeis no chão, tudo rimas perdidas

Tudo brinquedos partidos

E beijos por dar e velas por encher, por soprar

Tantas ancoras ainda bem presas

Tantas amarras ainda por romper

E eu aqui nas cordas duma guitarra

No reflexo dum rio… e na sombra dum amanhecer

Tiago Marcos

chomanno
Enviado por chomanno em 24/10/2006
Código do texto: T271944